sábado, 26 de setembro de 2009



Não conseguira dormir e esse era o motivo pelo qual tão cedo já estava de pé. Sentiu um cheiro bom que vinha da cozinha - era a caçula passando o café - resolveu levantar e mexer o corpo: estava feliz. Fazia tempo que não tinha vontades: nem do despertar, nem do adormecer, nem do café (vício aprendido com uma amiga, com a amiga). Mas hoje o dia nasceu diferente, sentiu a esperança voltar, ergueu o corpo de um só levante e sorriu para o dia.
Caminhou até a cozinha em passos curtos, sem pressa, estava vazia. A irmã já havia saído, contentou-se em tomar o café sozinha mas não tinha o sentimento da falta, a "presença olfativa" da caçula a acompanhava e isso bastava.
A noite havia sido de lágrimas, de sorrisos leves e gargalhadas, um sem-fim de sentimentos: o choro doído do pai, o agradecimento da mãe ao seu Deus, o alívio do irmão, o retorno do olhar de criança da filha. Todos que ali estavam beberam do mesmo cálice, o da esperança. E isso ela precisava agradecer.
Chorou.
Para eles era o retorno da vida, pra ela a confirmação que os pássaros só cantam na hora certa.

Seu café de hoje foi sinestésico: era disso que sentia mais falta.

   

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Café sinestésico... eis de volta a MINHA Amanda.

    Teremos mais deles, e alguns dos mais românticos das nossas vidas, amiga. Ao som de Chico e Bethânia, como gostamos...

    Deixa que te preparo o café. E levo girassóis para enfeitar a mesa, e nossas vidas.

    Te amo. Muito!
    Metade.

    (Eu li esse post no dia, e quase na hora, em que nasceu. Mas a plataforma Blogger só me permitiu postar o comentário hoje.)

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Comentários: