domingo, 28 de dezembro de 2008

Lápis de cor, de Susanna Fernandes.

LÁPIS DE COR

Sou eu um resumo mal escrito sobre minha própria vida.

Esta mesma vida que mal vivi até hoje.

Sim, estes dias que me perseguem como espectros de mim.

Sou algo mal acabado e em processo de putrefação.

Sou cheia de cicatrizes de todas as dores do mundo que carrego nas costas.

Sofro de males psicossomáticos de todas as mulheres.

Doem-me todas as juntas de muitos joelhos, cotovelos e dedos.

Os cabelos de minhas tantas cabeças caem, ainda pretos.

Minha pele se enruga em outros rostos e pescoços.

O ar me falta em pulmões que não são os meus, mas estão em meu corpo.

Ainda não morro.

Ainda espero mais alguns dias, meses ou anos.

Minha morte precisa ser um consenso de todos os que vivem em mim.

Sim. Foi dessa forma que tracei os meus dias e escrevi minha história.

Mas... Quebraram a ponta do meu lápis...

E eu não sei quem foi... Mas muito obrigado!

Preciso começar tudo de novo, e que seja agora com grafite colorido.

Quero poder escrever em arco-íris.

E em primavera e em sol de domingo e em céu azul

E em riso de criança e de velhinhos e latido de cães

E em esta nova vida que me deram ao quebrar meu lápis

Vida nova de dentro para fora vivo sem parar...

Sou palavras sem fim para uma vida em pleno recomeço.

4 comentários:

  1. Amigaaaaaaaaaa!!!!

    Tem eu aqui!!!!!!!

    Eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!

    Olha, fico muito feliz em ver que, mesmo passando pelos problemas que você tem enfrentado no "pós-natal", você ainda encontrou tempo pra mim, e pra essas palavras mal arrumadas que escrevo....

    Te amo. Sempre. Desde e Para!!!!

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  2. "Palavras sem fim para uma vida em pleno recomeço."

    Perfeito.

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Comentários: