sexta-feira, 17 de agosto de 2012

35 anos para ser feliz


Uma notinha instigante na Zero Hora de 30/09: foi realizado em Madri o Primeiro Congresso Internacional da Felicidade, e a conclusão dos congressistas foi que a felicidade só é alcançada depois dos 35 anos. Quem participou desse encontro? Psicólogos, sociólogos, artistas de circo? Não sei. Mas gostei do resultado.


A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem: "Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 17 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas pra tudo quanto era lado, minimizados por um garden party de vez em quando, um campeonato de tênis, um feriadão em Garopaba. Os tais momentos felizes.



Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse. Felicidade, onde está você? Aqui, na casa dos 30 e sua vizinhança.



Está certo que surgem umas ruguinhas, umas mechas brancas e a barriga salienta-se, mas é um preço justo para o que se ganha em troca. Pense bem: depois dos 30, você paga do próprio bolso o que come e o que veste. Vira-se no inglês, no francês, no italiano e no iídiche, e ai de quem rir do seu sotaque. Não tenta mais o suicídio quando um amor não dá certo, enjoou do cheiro da maconha, apaixonou-se por literatura, trocou sua mochila por uma Samsonitee não precisa da autorização de ninguém para assistir ao canal da Playboy. Talvez não tenha se tornado o bam-bam-bam que sonhou um dia, mas reconhece o rosto que vê no espelho, sabe de quem se trata e simpatiza com o cara.



Depois que cumprimos as missões impostas no berço — ter uma profissão, casar e procriar — passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 35, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta.



Outubro de 1998
(Martha Medeiros)

* Penso que, aos 29, já posso considerar esse texto como parte de mim!rs

8 comentários:

  1. Amei o texto! Maravilhoso! Me identifiquei em várias partes!

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  2. Adoraria ter participado deste Congresso, sem nem levar em conta de que foi em Madri, rssss.
    Aos 54 anos, tenho ótimas e gostosas lembranças de minha adolescência, e juventude. Foram muito ricas. Mas realmente não quero trocar as perspectivas de meu hoje latente pelo desejo de resgatar o ontem. Por mais gostoso e intenso que tenha sido.
    Lindo o texto da Martha Medeiros.
    Muitas saudades batem, e em cores, colorem meus cabelos grisalhos. Beijo Amanda.

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  3. adorei sua descrição e por isso segui, mas seus texto têm um esmero lindo!!!

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  4. Fantastic! Mensagem Nice, sind meine Blog número 1!
    diablo 3 gold

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  5. Vanderley agradeço o elogio!
    Espero sua visita sempre!
    Beijo.

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  6. Depois de Martha Medeiros...o silêncio...rsssss Então tá.Mas cada idade ,creio,tem o que lhe compete.Gostava muito de minha "elegância" até os 45,mais ou menos.Quanto a ser careta,há caretas de todas as idades...Carecas,não rssssCreio,também,que tua escolha pelo texto,torna-o parte de ti,completamente!!!!!!!E VIVA TEUS 29 ANINHOS!!!!!ABRAÇO!!!!!!!!!!!

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  7. PERDOE-ME,AMANDA,HOUVE UM PROBLEMINHA E COLOQUEI NO "ANÔNIMO".ABRAÇO!!!!!RÔ.

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  8. Rô! 29 aninhos chegando ao fim...final de setembro:30!rsrsrs
    Mas é isso mesmo, se o escolhi é pq em algum momento ele passou a fazer parte de mim!
    Bjocas!
    Ah...virás ao RJ quando?
    bjo.

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Comentários: