segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Tudo como antigamente, de Mário Lago

Somei noite mais noite olhando a lua
Decorei cada estrela que brilhava 
Morri mais de uma vez em cada rua 
E sempre a cada vez, ressuscitava
Pobre do tempo que não me alcançava
Nunca se alcança aquilo que flutua
Cama após cama a carne se gastava
E a alma devassa andava seminua
Fui Deus e rei poeta e vagabundo 
Vivi mais de mil vidas por segundo
Ultrapassando sempre o mais em frente
Hoje deixo que o tempo me ultrapasse
Morri de vez mas se ressuscitasse
Faria tudo como antigamente

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