domingo, 9 de janeiro de 2011

Para Domenica

Querida Domenica,
Curiosa que sou, fui buscar um pouco mais da poetisa que me apresentaste. Posto na íntegra o texto com o qual me brindaste. 
Obrigada!



Poesia


Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.


Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.


Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.


Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos atos que vivi,


Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.


( Sophia de Mello Breyner Andresen)

3 comentários:

  1. Rainho!!!

    Tudo bem?! Que alegria vê-lo por aqui!!!!!!!!

    Beijos.

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  2. AMANDA,normalmente "acerto" com as
    pessoas e,neste caso específico,len
    do tantos textos em teus blogs," a-
    postei"que gostarias da Sophia(rimou!)Não são BELOS,BELOS os textos(ELA escreve em prosa,também)
    dessa portuguesa não tão famosa no Brasil?Desculpe-me por não ter dei-
    xado maiores indicações...Agradeço
    tua atenção,gentileza e carinho!!!!
    ABRAÇO!!!!! Domênica

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Comentários: