segunda-feira, 6 de julho de 2009

De "O Guardador de Águas", de Manoel de Barros

VI
Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas...
E se riu.
Você não é de bugre? - ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas -
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
gramática.

4 comentários:

  1. -cae lamenta na vitrola:"fostes o q tinha q ser"...lá fora a chuva bate na janela, aqui meu café insiste em me ganhar pelo olfato,,,descubro este blog..viver é bom nè?
    bjs...bjs...bjs...
    denise

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  2. Olá, Denise! Que bom que gostou desse espaço... seja super bem-vinda! Bom viver? Sim...sim!
    Bjo.

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