Quero contar pra vocês o que ocorreu hoje (5/5) lá na escola.
A professora do maternal pediu que eu olhasse um instante a turma dela, o que é comum quando a auxiliar não se encontra. Um aluno resolveu bater numa coleguinha nova, o que também é comum de acontecer, afinal, temos um "estranho no ninho"! Daí fui conversar com aquele indivíduo no auge dos seus 3 anos e pedi que se sentasse, já que a cadeira foi feita para o bumbum sentar e não a mesa.
- Tia, meu bumbum está doendo.
Aquela informação só fez sentido minutos depois, quando a ajudante me disse que o pai avisara logo pela manhã:
- Não se assuste não que dei umas palmadas nos dois.
Esqueci de dizer que esse aluno e a irmã de 1 ano e 2 meses passam o dia todo na escola, de 7:00 às 19:00h. Como se não bastasse passar o dia sem a presença dos pais, possuir a escola e os funcionários desta como responsáveis por cuidar, acarinhar e ensinar a diferença entre o certo e o errado; essas crianças levaram uma surra de CINTO do pai porque queriam compartilhar o momento do sono com ele.
Entendam: não penso que é certo a criança dormir com os pais, mas para quem só tem esse tempo para receber calor e afeto paterno, não recrimino. Ao pegarem no sono seria só levá-las para o quarto, como sempre fizeram comigo...
- E onde estava a mãe?, talvez me perguntem.
Segundo nosso pequeno "o papai trancou a porta do quarto"...
E lá estão as marcas roxas e vermelhas de quem só queria abrigo...
Não tive coragem de olhar e chorei mesmo assim.
" Não preciso ver para crer", não dessa vez.
A escola deveria denunciar para o conselho tutelar, se fosse escola pública isso teria sido feito imediatamente, como cansei de fazer na época do contrato. É triste. Mas é a única coisa que vi funcionar de verdade.
Hoje a escola se calou. A professora se calou. A ajudante se calou. Eu estou aqui... mas também me calei: não adianta nada para os meus pequenos esse desabafo. Mais uma vez eles voltaram para casa, mais uma noite, talvez igual a todas as outras na vida deles.
Na minha, não.
E daí? Não muda nada...
Claro que muda!
ResponderExcluirMuda a sua vontade de ficar aí.
Muda a sua práxis pedagógica.
Muda o seu amor pelas crianças.
Muda o seu senso de racionalidade.
Muda a sua perspectiva como mãe.
E mudaram seus olhos, que creram sem ver... Você tem olhos de sentir, e em se tratando dos pequenos, dói (doeu) em você também.
Se não há o que fazer, entenda, sempre há o que fazer!
Faremos algo... afinal, faltou mudar o silêncio. Porque dos silêncios que corroem, bah!, estou cheia!
Porrada, mas, muita porrada no papai!!!
ResponderExcluirEu ia dizer uma outra coisa, mas estou muyito cansado nessa hora e depois penso mais á resppeito.
ResponderExcluirPortanto, fico agora com a resposta do Fabiani-Weber (o copyright é meu),...
E, realmente,... os silêncios corrosivos... é bom nem falar.
Nossa, Amanda... Sem palavras... Fico pensando como a irracionaloidade dos pais pode deixar marcas tão profundas.Eternas.
ResponderExcluirEis o alto (muito alto) preço que pagamos quando somos educadores, ter que lidar com situações como essa...
Não encontro mais palavras.
Um abraço!