sexta-feira, 18 de março de 2011

Equilibrista da vida...

“[...] Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais. (Clarice Lispector)

Em mim também existe esse lado infantil... 
Hoje, por exemplo, me dei conta que por mais que os anos passem, somos os mesmos: aquele medo que sentíamos e nem lembrávamos mais, um dia reaparece, do nada! E o que fazer quando, na plateia, estão todos os seus sonhos? E os sonhos dos outros...
Encarei, fui ao palco, me apresentei - não eu...e sim a menina com seus 7, 8 anos. 
Ainda muito envergonhada não consegue encarar os olhares do público, tão pequenos quanto ela naquele momento... Mesmo assim faz seu trabalho: pintada, com peruca, capa e lápis rosa, desempenha o papel de equilibrista, nem se deu conta do que estava fazendo, nem olhou para as fotos! Que triste... 
Quando acaba recebe beijos e abraços, se dá conta de onde está, de quem é, do que esperam dela... 
Ufa! Acabou. 
Eu e a menina em mim, recebemos os carinhos e percebemos diante de nós a mais pura verdade: o medo ainda está ali, dentro da alma, mas foi preciso driblá-lo por alguns instantes para ver surgir na plateia os rostinhos mais iluminados que já vira nos últimos tempos. Orgulho. Eles sentem orgulho dela(s) e só por isso valeu o sacrifício.

(imagem da net)

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