sábado, 5 de fevereiro de 2011

Súbita...

Súbita mão de algum fantasma oculto

Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.
Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.
E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão noturna que me guia.
Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.
O. C., lº v., Poesias, p. 83.
Fernando Pessoa - Poemas Ocultistas

Um comentário:

  1. O POEMA DIZ TUDO!!!!!

    E,eu?????Só posso dizer que É LIIIIINNNNNDDOOOOO!!!!Agradeço-te tanto quando encontro essas belezas,vindas de tuas mãos sensíveis e teu coração generoso!!!
    ABRAÇO!!!!!!!

    ResponderExcluir

Comentários: