quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Cresci ouvindo meus pais e avós dizendo: Não brinque com fogo, menina! E hoje, logo pela manhã, me lembrei dessas palavras ao assistir uma cena que me incomodou bastante... Saí de casa mais cedo para ajudar marido no escritório, caminhava devagar aproveitando a paz, não de costume, das ruas do centro da cidade. Passei pelo Jardim São João e reparei que, pasmem, não havia uma vela sequer acesa no seu entorno, mais pra frente um solitário ciclista acionava sua buzina de caminhão - querendo, talvez, chamar atenção - o que conseguiu!, já ia me esquecendo da senhora sentada no tronco de uma árvore conversando com dois homens, o diálogo era mais ou menos o seguinte: - É... já liguei pra minha irmã pedindo dinheiro pra ir embora ou então pra ela vim me buscar. Senti na voz dela uma melancolia da qual eu não estava preparada para ouvir logo cedo. Os homens a escutavam atentos. Continuei meu caminho pensando vários motivos que teriam feito aquela mulher estar lá onde estava, na rua, mas meus pensamentos melancólicos foram afastados por risos que vinham da porta de um curso. Três rapazes riam como hienas da "brincadeirinha" de um deles, que estava sentado dentro do carro e, para minha surpresa, fazia malabarismos com fogo. Ele estava dentro de um veículo movido a combustível e que, por descuido dele poderia ir pelos ares num piscar de olhos. A brincadeira? Você sabe aqueles frascos de aerosol? Então, o "bonitinho" apertava o botão que aciona o conteúdo e ao mesmo tempo acendia um isqueiro... Engraçado, não? Colocar a própria vida em risco tudo bem, se ele quer assim, mas a dos outros? Eu senti uma raiva imensa, tive vontade de voar no pescoço dele e dar uns tapas, um homem daquele tamanho brincando com fogo, em plena luz do dia, dentro de um carro, próximo aos pedestres? Fora que fiquei tão aborrecida que o meu "passeio" matinal rumo ao escritório, com as ruas vazias, a brisa batendo no rosto, o brilho do sol nascendo, a mulher que queria ir pra casa, a falta de velas no jardim São João, o ciclista-caminhoneiro e sua buzina ensurdecedora ficaram tão distantes que me arrependi de não ter dado uns sopapos no rapaz que nunca deve ter tido alguém para alertá-lo: - Quem brinca com fogo faz xixi na cama ou morre queimado.

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